Doação de órgãos! Uma mensagem
A doação de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes do nosso corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas. A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). A doação de órgãos como o rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Para a doação de órgãos de pessoas falecidas, somente após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. Tipicamente, são pessoas que sofreram um acidente que provocou traumatismo craniano (acidente com carro, moto, quedas etc.) ou sofreram acidente vascular cerebral (derrame) e evoluíram para morte encefálica. Se existe um doador em potencial, vítima de acidente com traumatismo craniano ou derrame cerebral (AVC), com confirmação da morte encefálica e autorização da família para a doação, a função dos órgãos deve ser mantida artificialmente.
Falar em doação de órgãos nos exige um momento de reflexão, enquanto escrevo este texto, e você dispensa o seu precioso tempo para ler, inúmeras famílias estão angustiadas com a sessão de diálise de seus entes queridos, com a fila de transplante de córnea para voltar a ver a luz do dia, o tão sonhado transplante que tanto esperam para devolver a qualidade de vida aos seus. Ao mesmo tempo, impossível não pensar nas famílias que passam por momento de grande tristeza, pela perda de um ente querido de forma repentina.
No Brasil ocorreu nas últimas décadas um grande aprimoramento tecnológico e um maior enfoque nas questões relacionadas a doação de órgãos, mas ainda ocorrem questionamentos em relação a natureza sociocultural, ética e legal que refletem na falta de disponibilidade de órgãos e um aumento das filas de espera. A escassez de órgãos está relacionada a desinformação da população e as “fake news” que surgem em relação a temática, para que possamos melhorar esse cenário é preciso falar sobre doação de órgãos, desmistificar tal temática com uma equipe preparada para acolher a família e suas angústias. Mas não é só no ambiente hospitalar que devemos falar sobre o assunto, hoje para que uma doação seja realizada é preciso autorização familiar e para que a família possa tomar essa decisão com discernimento é mais confortante que ela saiba a opinião do familiar, então, falar sobre doação de órgãos com os familiares é importante, saber a opinião dos mesmos sobre tal temática ajuda na tomada de decisão.
A equipe que participa do processo de admissão do paciente no ambiente hospitalar até o diagnóstico final de morte encefálica é uma equipe preparada em que respeita todos os processos, tendo como principal objetivo o diagnóstico e manter os familiares informados sobre todas as etapas do processo, que envolve a realização de vários exames clínicos e diagnósticos até o parecer final da morte encefálica. Após esse parecer a família recebe a notícia, esse sem dúvida é um momento crítico e de muita tristeza, a equipe está preparada para esse processo de acolhimento e acompanhamento. Posteriormente ao processo de comunicação do óbito e o momento em que a equipe, oferta para a família a possibilidade de apesar do momento delicado em que está vivenciando, a oportunidade de ajudar outras pessoas através da doação de órgãos tornado um ato de generosidade e amor ao próximo. Em experiência de acolhimento aos familiares após o processo de aceite e doação, a grande maioria relata que existe de certa forma um conforto pela decisão de ajudar outras vidas com a doação, assim o familiar sabe que seu ente querido vive em outra pessoa.
Nunca teremos como prever o dia de amanhã, onde nós ou alguém muito próximo a nós podem necessitar de um transplante e também em algum momento passaremos pela triste experiência de receber a notícia de um óbito de um familiar. Então a mensagem é que falemos sobre o assunto com as pessoas da nossa convivência para saber a opinião sobre a Doação de órgãos e assim tornar esse assunto conhecido no nosso convívio.
