TENHO SINTOMAS DE COVID. VOU AO HOSPITAL?

Na última quarta-feira, 22, o médico emergencista e coordenador do Pronto Socorro do Hospital Salvatoriano Divino Salvador, Dr. Rafael Bortolato, participou do programa De Bem Com Você, na Rádio Vitória. Na ocasião, o doutor abordou o coronavírus de forma bastante didática, iniciando com a explicação sobre as diferentes nomenclaturas da doença. “A Covid-19 é a doença causada pelo Coronavírus, que é o SARSCOV 2. O grupo já é conhecido, mas o subtipo 19 ainda era desconhecido da comunidade médica e científica. O vírus foi identificado na China e pela sua facilidade de contágio, com o mundo globalizado, se espalhou rapidamente”, disse.

Do sintoma ao tratamento

Com sintomas similares a uma gripe, não é possível diferenciar a Covid-19 dos outros resfriados apenas diante dos sintomas. De acordo com Dr. Rafael, a atual circunstância exige medidas de preservação da vida do paciente e adequações sanitárias para preservar a saúde do restante da população. “Não é toda pessoa que desenvolve sintomas que deve procurar a emergência. Ao ter sintomas como febre, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, dor abdominal ou no corpo, você deve procurar ajuda médica. Mas essa ajuda está disponível de três formas: nas Unidades Básicas de Saúde, nas Unidades de Pronto Atendimento e no Hospital. Casos leves, que apresentam febre baixa, dor de cabeça leve e não têm falta de ar devem procurar unidades menos complexas como as UBS ou a UPA. Aqui em Videira, na UPA existe uma estrutura chamada gripário, montada para os casos suspeitos. Esse paciente vai ser atendido pelo médico, que vai verificar se é do grupo de risco, se apresenta fatores de risco e se apresenta algum sinal de complicação durante o exame físico. Havendo esses sinais ou um potencial de complicação, ocorrerá a transferência desse paciente para o Hospital, onde haverá uma nova consulta e a solicitação de exames complementares”, salienta.

Os exames de identificação da doença também são variáveis em função do período em que existem os sintomas. Os testes PCE são realizados diante de sintomas iniciais, com cerca de 3 a 7 dias de contaminação, através da análise de uma amostra coletada do nariz do paciente para identificar a presença do vírus no organismo. Já os testes rápidos e a sorologia são solicitados pela equipe médica pelo menos de 7 a 10 dias depois do contágio para verificar a produção de anticorpos frente à infecção.

No que tange ao tratamento hospitalar, Dr. Rafael explica que estudos científicos bastante sólidos têm apontado bons resultados com medicações com corticoides, antibióticos e anticoagulantes. Entretanto, o tratamento do paciente hospitalizado e do paciente isolado em sua casa é diferenciado em função do agravo da doença. Ainda assim, toda prescrição deve ser individualizada.

A UTI e os cuidados gerais

Pacientes com casos graves, que precisam de internação na UTI em decorrência da pneumonia causada pela doença tendem a precisar de 10 a 20 dias de internação. Outros, por sua vez, precisam de atendimento especializado e podem entrar em coma. Segundo o Painel de Avaliação do Risco Potencial do Estado, divulgado na última quinta-feira, 23, o Meio-Oeste passou a fazer parte das regiões consideradas de risco gravíssimo quanto a propagação da Covid-19.

Para Dr. Rafael, a população precisa continuar usando máscara, manter o distanciamento de 1 a 2 metros das outras pessoas, cobrir a boca com o braço ao espirrar, evitar levar a mão à boca, olhos ou nariz, evitar cumprimentar com a mão, lavar sempre as mãos e passar álcool gel sempre que estiver disponível. “Tenho visto muita gente nos supermercados com crianças e outros acompanhantes. Isso é perigoso porque as crianças gostam de explorar o mundo, colocam objetos na boca ou levam a boca aos objetos e mesmo que não desenvolvam a doença, se tornam transmissores. Agora, no inverno, aumentaram muito os números de atendimentos com sintomas respiratórios e todos serão tratados como suspeitos e serão direcionados ao gripário, por isso a população deve procurar atendimento somente se houver sintomas. Também salientamos que o hospital não deve ser procurado para consultas simples, exames de rotina, etc. Hospital é para casos que precisam de investigação adicional, internação ou de emergência. Estamos no meio de uma pandemia, mas as pessoas continuam tendo infarto, acidentes, etc., e a emergência continua dando a eles a prioridade no atendimento”, conclui o doutor.

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